Em ato na Avenida Paulista, ex-presidente defende anistia aos presos do 8 de janeiro, critica STF, provoca Moraes e reafirma compromisso de permanecer no Brasil.
Por Redação
06/04/2025 às 17:30
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reuniu milhares de apoiadores na Avenida Paulista, neste domingo (6), em um ato pró-anistia aos presos dos eventos de 8 de janeiro de 2023. Durante seu discurso, Bolsonaro surpreendeu ao falar uma frase em inglês, numa tentativa de chamar a atenção da comunidade internacional para o que considera injustiças promovidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ele criticou as condenações impostas a cidadãos comuns, como pipoqueiros e sorveteiros, e denunciou penas desproporcionais.
“Até mesmo trabalhadores foram acusados de tentativa de golpe de Estado”, afirmou Bolsonaro, lembrando que muitos dos condenados não tinham antecedentes criminais. Ele ainda comparou a situação com a anulação da condenação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), acusando o STF de agir de maneira política.
O ex-presidente também citou o caso da cabeleireira Débora Rodrigues, presa por dois anos após escrever com batom na estátua “A Justiça”. Débora poderá ser condenada a 14 anos de prisão, fato que Bolsonaro chamou de “absurdo” e “injusto”. “Só um psicopata para classificar o 8 de janeiro como tentativa armada de golpe militar e condenar essas pessoas em massa”, declarou.
“Não vou fugir”
Em resposta às especulações sobre uma possível prisão, Bolsonaro reafirmou seu compromisso com o Brasil. “Se acham que vou desistir, que vou fugir, estão enganados. Eu cumpro meu juramento de defender a pátria, mesmo com o sacrifício da própria vida”, disse. E foi além: “Eles não querem me prender, querem me eliminar, porque sou um espinho na garganta deles.”
Bolsonaro ainda provocou diretamente o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito do golpe. “Se ele salvou a democracia, por que viaja no avião da FAB para assistir a jogo do Corinthians?”, questionou, arrancando aplausos dos presentes.
Anistia e eleições de 2026
Em seu discurso, Bolsonaro destacou que a anistia é competência exclusiva do Congresso Nacional e afirmou que a esquerda já perdeu essa “guerra”. “A maioria do povo brasileiro entende as injustiças e cobra justiça do Congresso”, afirmou.
Sobre 2026, Bolsonaro afirmou que negar sua participação nas eleições é “negar a democracia” e “escancarar a ditadura no Brasil”. Apesar de estar inelegível até 2030, ele demonstrou esperança na nova composição do TSE, que será comandado por ministros indicados por ele, Kassio Nunes Marques e André Mendonça.
Batom vira símbolo da manifestação
O batom se tornou o símbolo do protesto, em alusão ao caso de Débora Rodrigues. Faixas, cartazes e balões homenagearam a cabeleireira, e diversas lideranças da direita reforçaram críticas ao que classificam como abusos do Judiciário.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e a deputada Caroline De Toni (PL-SC) também discursaram, relembrando o caso de Débora e o do manifestante Clezão, que morreu no presídio em 2023.
Pressão sobre o Congresso
O ato na Paulista busca pressionar o Congresso Nacional a votar o projeto de anistia. Segundo líderes do PL, como o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), a expectativa é reunir 257 assinaturas até quarta-feira (9) para forçar a tramitação do projeto.
Governadores como Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG) e Ronaldo Caiado (GO) também apoiaram a iniciativa, reforçando a unidade da direita em torno da pauta da anistia.