Estado de saúde do ex-presidente se deteriora em meio a novas investidas judiciais
Por Redação
24/04/2025 às 15:50
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou piora clínica nas últimas horas, conforme boletim divulgado pelo Hospital DF Star nesta quinta-feira (24). Internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Bolsonaro teve elevação significativa da pressão arterial e piora nos exames laboratoriais hepáticos. Especialistas apontam que o estresse gerado pelas pressões políticas, especialmente os ataques vindos do Supremo Tribunal Federal (STF), pode estar entre os fatores que contribuíram para a piora do seu quadro de saúde.
Segundo médicos consultados, situações de tensão emocional intensa — como a vivida por Bolsonaro em função das investigações e decisões recentes do STF — são capazes de impactar diretamente a evolução clínica de pacientes já fragilizados.
Quadro pós-operatório delicado
No último dia 13, Bolsonaro passou por uma cirurgia de laparotomia exploratória para liberação de aderências intestinais e reconstrução da parede abdominal, uma consequência da facada sofrida em 2018. O procedimento é considerado de alta complexidade e exige cuidados intensivos no pós-operatório.
De acordo com Rodrigo Perez, head do Núcleo de Coloproctologia e Intestinos do Centro Especializado em Aparelho Digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o período de recuperação é sensível, e fatores como estresse podem agravar sintomas como o íleo paralítico (paralisação do intestino), elevação da pressão arterial e alterações hepáticas.
“Fatores emocionais, como estresse e pressão psicológica, impactam a recuperação, mesmo que seu efeito seja discreto em comparação a outros fatores clínicos. Ainda assim, em pacientes vulneráveis, isso pode fazer diferença”, explica Perez.
Pressão política e saúde
O agravamento do quadro clínico de Bolsonaro ocorre em meio à intensificação de ações do STF contra aliados próximos e contra ele próprio. A defesa do ex-presidente já manifestou preocupação pública com o que considera perseguição institucional, o que, segundo médicos ouvidos pela reportagem, pode agravar ainda mais seu estado de saúde.
“Em situações de alta tensão, o corpo libera grandes quantidades de cortisol e adrenalina, o que pode elevar a pressão arterial, prejudicar o funcionamento de órgãos como o fígado e dificultar processos de cicatrização e imunidade”, destaca a médica intensivista Ana Paula Moraes.
Sem previsão de alta
Bolsonaro permanece na UTI, sendo submetido a novos exames de imagem e recebendo nutrição parenteral — alimentação feita via endovenosa, necessária devido à paralisação do intestino. Ainda não há previsão de alta.
A equipe médica também monitora possíveis complicações, como a translocação bacteriana — condição onde bactérias do intestino podem migrar para a corrente sanguínea, gerando infecções graves.
Aliados políticos e apoiadores continuam a acompanhar o estado de saúde do ex-presidente, que, mesmo debilitado, ainda é considerado uma das principais figuras da oposição no cenário nacional.